terça-feira, 29 de junho de 2021

Ei, você !

Ô, menina, que pena ver você ser assim passada pra trás pelo seu próprio espelho. Se achando o centro do mundo do outro, cega, iludida e melancólica. De uma melancolia tão carente de compreensão, que se defende com a agressividade do órfão abandonado. Arrogância disfarçada de autonomia.

Escuta, moça, deixa eu te contar,  prepotência e autossuficiência só têm em comum a tonicidade das palavras. Já o tônus da vida é reconhecer-se interdependente nas relações que cultiva. Dizer-se conectada  e solidária às pessoas pela empatia, desde que estejam longe e não possam te afrontar, te testar e te tirar do eixo, nunca passou apenas de repertório para suas redes sociais. 

Vem cá, mulher, por que não experimenta a paz que mora nos bastidores dos sentimentos mais simples? Na humildade da autocrítica? Na desafetação? Reconhecer-se ser inacabado é sapiência. Produza o que te alimenta a alma, sem se considerar menos capaz por depender da luminosidade alheia. Estamos todos ao redor do sol, ele não mora no seu umbigo. Deixe que essa ideia te aqueça. E pare de queimar a língua.

domingo, 20 de junho de 2021

Refluxo

Vem das vísceras, o chamado da minha consciência.

O que machuca meu coração dói no meu estômago. 

Por isso quase nunca choro. O que transborda em mim é a bile que me regula e desintoxica. Prefiro a possibilidade de dias amargos que uma história azeda. 

O que busco é o quinto sabor da vida, respeitando meu  sexto sentido, pra não correr o risco de me deixar em segundo plano.

Para digerir certas verdades, as vezes é preciso nausear as incertezas. 

É que coragem requer estômago! 


quarta-feira, 17 de março de 2021

O segundo que fraciona o inteiro

 A gente pisca e o mundo muda.


O sorriso amarela.

A expressão congela.

A paixão aferrece.

O plano se esquece.

A esperança suspende.

A confiança arrepende.


A gente fica na palavra muda.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

E fim


Por que ama esse ser comum? De vontades vulgares e pensamentos também ordinários?


Como foi que o desejo pelo insólito deu lugar à resignação por dias de ambições inócuas?


Mostra a si mesmo a explicação para cessar a busca pelo que lhe afaga , oferece conforto e alimenta sua alma de orgulho.


Assim foi que dia desses interpelou a razão assoberbada de  jamais ao coração desarranjado  de tanto quase.


Ele, de rima pobre com seu paradoxo por mera ironia da língua, travestiu - se da força do seu simbólico e respondeu, sem hesitar, com a simplicidade que tem tudo que é força.


Eu fibrilo e palpita você tanto engano e egoísmo ! Se eu amasse intentando pecúlios, a estima seria por mim e não pelo ser amado.


Você cobiça com um fim. Objetiva  e condiciona, acreditando  ser amor.


Quando é amor a gente "não é resposta".


Por isso  eu amo porque sim.


quinta-feira, 16 de julho de 2020

"Vergonha é roubar e não poder carregar" - como diria a imagem que tenho da minha avó..

Que preguiça de você com essa ideia careta e fora de moda de que para ser cool tem que ser reservado!

Que pena que eu sinto de quem não consegue expor  conquistas ,  divulgar elogios e fazer mala direta do amor.

Quem não gosta de uma emoção descarada, de uma história bem contada e de uma declaração acalorada?

A moça tá lá zombando da foto  e vociferando "que brega", enquanto de lá ele pensa "que dó ".

É que o moço  sabe bem que nas horas mais solitárias e de lealdade máxima por si mesma, o que ela deseja é a ingenuidade dos planos para o futuro, a imaturidade do apelido  piegas e a cafonice do amor revelado nas redes sociais.

Porque os momentos são virtualmente remotos e o fim é inevitável e real.